Poesia e verso | Marcos David Alconchel Agotado
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Marcos David Alconchel
Poesia e verso
leitura da Lira dos cinquent''anos de Manuel Bandeira
Assimetria Páginas: 204
Precio: 654.93
Disponible en 7 dias
Estado: Nuevo
Peso: 0.257 kgs.
ISBN: 9788590699330

O livro Lira dos cinquentanos (1940) tem sido desfavorecido pela...

  • Nombre: Poesia e verso | Marcos David Alconchel
  • Editorial: Assimetria
  • Ttipo: Book
  • Publicado: 2023 / 11 / 24
  • Código: 9788590699330

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Poesia e verso | Marcos David Alconchel
Marcos David Alconchel
Poesia e verso
leitura da Lira dos cinquent''anos de Manuel Bandeira
Assimetria Páginas: 204
Precio: 654.93
Disponible en 7 dias
Estado: Nuevo
Peso: 0.257 kgs.
ISBN: 9788590699330

O livro Lira dos cinquentanos (1940) tem sido desfavorecido pela crítica de Manuel Bandeira. Da vida inteira, são destacados outros momentos, especialmente Libertinagem (1930), primeiro livro do poeta após a renovação modernista, ou mesmo A cinza das horas (1917), volume de estreia. Tudo se passa como se a aparição da Lira não representasse mais nenhuma novidade em uma obra já consolidada. A própria história editorial do livro parece acompanhar esse lugar menos prestigioso na trajetória: ele nunca foi publicado isoladamente em vida do autor. É certo que isso ocorreu também com Belo belo (1948), e Opus 10 (1952) apareceu apenas em edição de tiragem muito limitada, mas o caso desperta curiosidade, sobretudo quando surge um estudo da importância e da qualidade deste Poesia e verso: leitura de Lira dos cinquentanos, de Marcos Alconchel, que parte justamente da concepção de livro como algo fundamental para a coletânea.Em linhas gerais, tal concepção se anuncia desde o título: obra de maturidade, ironicamente alcançada pelo jovem desenganado desde os dezoito anos, que, incapacitado para a vida prática, se desviara para a poesia, buscando iludir o sentimento de vazia inutilidade. Encontrou coisa muito maior o seu destino de poeta, querido entre os demais, cujo canto confidencial ressoa para consolo de muitos e esperança de todos, conforme a bela formulação de Drummond, justo na homenagem ao cinquentenário do poeta brasileiro. Ao longo da leitura do Itinerário de Pasárgada, por exemplo, surpreendemo-nos com a presença muito precoce da poesia na vida de Bandeira, a partir inclusive da figura do pai, muito afeito a brincadeiras verbais, mas que estava encaminhando o filho para ser arquiteto... A vocação foi aqui profunda, e a poesia foi tanto objeto de criação como também de gosto. É da longa e paciente sucessão de exercícios, estudos, leituras e traduções que Bandeira se impôs como grande criador mas também como conhecedor reputadíssimo de seu ofício. Ora, é esse imenso lastro que é atualizado nos cinquenta anos do poeta. O livro adquire assim um lugar muito específico em sua trajetória, onde o poeta parece definir, depois da longa aprendizagem inicial e da abertura posterior ao modernismo, um lugar de liberdade plena, de utilização de formas e procedimentos os mais variados. Aqui, mais do que nunca, Bandeira é poeta 100%, como ele definiu certa vez - o poeta que sabe nadar em todas as águas: no oceano em perpétuo movimento do verso-livre e nos blocos congelados da forma fixa.Marcos Alconchel reconhece de saída no livro justamente essa grande variedade de formas, tradicionais e modernas, algumas de culturas distantes,como o haicai e o gazal. Considera que essa variedade é o autêntico projeto do livro, sua razão de ser mais profunda, quem sabe o modo como o poeta quis retribuir à própria poesia, que dera sentido à sua vida, praticando-a com largueza e generosidade. O título alude a um dos textos fundamentais de Bandeira sobre poética, indicando a necessidade de abordar a Lira também do ponto de vista da versificação. No primeiro capítulo, Manuel Bandeira e o ofício do poeta, o crítico descreve com minúcia a natureza do livro, entre tradição e modernidade, além de situá-lo com precisão na trajetória. A essa visão do todo sucede a investigação dos detalhes, e cada um dos quatro capítulos seguintes se debruça sobre um poema específico, pela ordem Ouro Preto,Velha chácara, O martelo e Haicai tirado de uma falsa lira de Gonzaga. A escolha se dá pelo gosto, mas também pela representatividade do conjunto: um soneto e um haicai, como modelares das formas fixas,o primeiro deles voltado para o passado histórico das minas e para a figura legendária do Aleijadinho,o segundo, exemplo notável do desentranhar como método de criação; um poema de forma aberta, em que a cidade moderna comparece com seus ruídos; outro, mesclado, em que o poeta revisita o sortilégio da infância. As leituras são excelentes e mobilizam muitos saberes: técnicos, biográficos, histórico-literários, articulando continuamente a fina percepção de detalhes dos poemas a longas digressões sempre elucidativas. A fortuna crítica de Manuel Bandeira é das mais sólidas e homogêneas em nossa literatura. Este livro de Marcos Alconchel vem ocupar nela lugar de destaque,ao focalizar com vigor e clareza um dos momentos de maior decantação de toda nossa poesia moderna.Murilo Marcondes de Moura